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Lei sobre direito autoral (9610/98)
Capítulo IV
Das Limitações aos Direitos Autorais

Art. 46. Não constitui ofensa aos direitos autorais:

III - a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra;

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Origem Gnóstica da negação da divindade de Jesus Cristo

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Cristo Gnóstico



O GNOSTICISMO

A história da negação da divindade de Jesus começa no gnosticismo. O gnosticismo tem por característica anegação da criação DIRETA da matéria pelo Deus supremo:

"O gnosticismo tem em comum  o dualismo da matéria e do espírito como oposição eterna"(História das Heresias. Roque Frangiotti. São Paulo: Paulus, 1995, p.33

"Muitos dos chamados grupos gnósticos são caracterizados por uma mitologia que distingue entre um criador inferior do mundo (um demiurgo) e um deus ou ordem de ser mais transcendente"https://global.britannica.com/topic/gnosticism (Enciclopedia Britânica on-line)

 O gnosticismo é, portanto, uma doutrina religiosos-filosófica marcada por um dualismo acentuado em que a matéria é desprezível. Quanto a isso , deve muito de sua fundamentação filosófica ao platonismo. Em Enéade I, 8:18, Plotino escreve 'a matéria é a causa da debilidade da alma e de sua disposição viciosa. Ela é o mal, ou melhor, o mal original'...Afasta , o quanto possível , o Deus supremo, bom, do contato com a matéria." (História das Heresias. Roque Frangiotti. São Paulo: Paulus, 1995, p. 35)

Grupos como as Testemunhas de Jeová seguem essa influência gnóstica ao atribuir a criação DIRETA do mundo não a Deus mas a um ser de natureza distinta, um Jesus criado.

A INFLUENCIA DO GNOSTICISMO


1-CERDON-SIMÃO- MENANDRO-SATURNINO-BASILIDES
História Eclesiástica. Eusébio de Cesaréia. Livro IV
X [Quem foram os bispos de Roma e de Alexandria sob o reinado de Antonino]
 1. Depois de pagar este sua dívida, depois de vinte e um anos, o Império romano é recebido em sucessão por Antonino, o chamado Pio. Em seu primeiro ano morre Telesforo, que cumpria o décimo primeiro de seu ministério, e Higinio assume o episcopado de Roma. Conta Irineu que Telesforo abrilhantou sua morte com o martírio, e no mesmo lugar declara que, nos tempos do mencionado bispo de Roma Higinio, eram notórios em Roma estes dois: Valentim, introdutor de sua própria heresia, e Cerdon, causador do erro de Márcion. Escreve assim:

XI [Dos heresiarcas daqueles tempos]
1. "Valentim veio a Roma, realmente, nos tempos de Higinio, mas floresceu sob Pio e permaneceu até Aniceto. E Cerdon, o antecessor dMárcion -também no tempo de Higinio, que foi o nono bispo -, assim que chegou à Igreja, depois de fazer confissão pública, passava sua vida assim: algumas vezes ensinava às escuras e outras vezes via refutadas suas doutrinas, e ia se afastando da companhia dos irmãos."
 2. Isto diz em seu livro terceiro dos escritos Contra as heresias. Mesmo assim, também no primeiro explica o que segue sobre Cerdon: "Um tal Cerdon, que vinha do círculo de Simão e residia em Roma no tempo de Higinio - o nono na sucessão do episcopado a partir dos apóstolos -, andava ensinando que o Deus proclamado pela Lei e os Profetas não era Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, já que um é conhecido e o outro desconhecido; um é justo e o outro é bom. Tendo-lhe sucedido Márcion o Pôntico, este deu muita força à escola, blasfemando sem pudor."

7. Na cidade de Roma, falecido Pio no décimo quinto ano de seu episcopado, assume a presidência dali Aniceto. Hegesipo conta sobre si mesmo que no tempo deste veio a estabelecer-se em Roma e que ali viveu até o episcopado de Eleutério.
8. Mas sobretudo foi nesta época que floresceu Justino. Com estofo de filósofo, era embaixador da palavra de Deus e lutava pela fé com seus escritos. Escreveu efetivamente um tratado Contra Márcion, no qual recorda que, ao tempo em que o compunha, este ainda estava vivo. Diz assim:
9. "Há um tal Márcion, natural do Ponto, que ainda hoje está ensinando seus seguidores a crerem em outro deus maior do que o criador: e com a ajuda dos demônios, fez com que por todas as raças de homens muitos proferissem blasfêmias e negassem que o criador de todo o universo seja o Pai de Cristo, e em troca confessem que algum outro o tivesse criado, por ser em comparação maior do que ele. E como dissemos, todos os que procederam destes são chamados cristãos, do mesmo modo que, apesar de não serem as doutrinas comuns a todos os filósofos, o sobrenome de filosofia é comum a todos eles."


XXIX
3. Isto mesmo encontramos também agora entre eles, sendo um tal Taciano o primeiro a ter introduzido esta blasfêmia. Foi discípulo de Justino; enquanto conviveu com ele, nada manifestou de tal espécie, mas depois do martírio de Justino, afastou-se da Igreja. Envaidecido pela crença de ser um mestre e inflado por sentir-se diferente dos demais, constituiu um tipo próprio de escola, inventou alguns éons invisíveis - como faziam os seguidores de Valentim -, proclamou o matrimônio como corrupção e fornicação - como fizeram Márcion e Saturnino — e de sua própria invenção negou a salvação de Adão."

4. Isto é o que Irineu escreveu na ocasião. Mas um pouco mais tarde, um homem chamado Severo deu força à mencionada heresia e foi causa de que os membros da seita recebessem por ele o nome de severianos

Contra as Heresias -  Ireneu de Lião.Coleção Patrística, Volume 4, Ed. Paulus.
Livro I 
22,2. Visto que a detecção e a refutação de todas as heresias é variada e multiforme e é nossa intenção responder a todos eles, nas peculiaridades próprias, julgamos necessário dar te a conhecer primeiro a fonte e a raiz, porque, ao conhecer o Abismo mais sublime, saibas de que árvore procedem estes frutos. Simão, o mago 

23,1. Simão, samaritano, é o mago de quem Lucas, discípulo e seguidor dos apóstolos, diz: "Havia, há tempo, na cidade, um homem chamado Simão que praticava a magia e excitava os habitantes da Samaria dizendo ser grande personagem e todos, do maior ao menor, o escutavam e diziam: este é a Potência de Deus, chamada grande. Apegavam-se a ele porque por muito tempo os fascinava com as suas mágicas".(56) Este Simão fingiu abraçar a fé, pensando que também os apóstolos realizassem curas por meio da magia e não pelo poder de Deus e que eles tornassem cheios do Espírito Santo os que criam em Deus, por meio da imposição das mãos e de Jesus Cristo que eles anunciavam. Imaginando ser por causa de urna sabedoria mágica maior ainda que eles faziam estas coisas; ofereceu dinheiro aos apóstolos a fim de ter ele também o poder de dar o Espírito Santo a quem quisesse, mas ouviu de Pedro: "O teu dinheiro pereça contigo, pois julgaste poder comprar com dinheiro o dom de Deus! Não terás parte nem herança neste mistério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Eu te vejo na amargura do fel e nos laços da iniqüidade".(57) Ainda menos acreditou em Deus e pôs- se a rivalizar invejosamente com os apóstolos para se tornar, ele também, célebre. Por este motivo aprofundou em todas as artes mágicas a ponto que granjeou a admiração de muitos homens. Viveu nos tempos do imperador Cláudio, e até se diz que, por motivo da magia, foi honrado por ele com uma estátua. Este mago foi honrado por muitos como um deus e ensinou que ele era aquele que se manifestou como Filho entre os hebreus, que desceu na Samaria como Pai e que veio entre os outros povos como Espírito Santo; que era a Potência mais sublime, isto é, o Pai que está acima de todas as coisas e aceitava qualquer título que os homens lhe quisessem conferir. 


23,2. Simão, samaritano, do qual se originaram todas as heresias, apresenta para a seita esta teoria: tendo comprado em Tiro, cidade da Fenícia, Helena, uma prostituta, levou-a consigo nas suas idas e vindas e dizia que ela era o seu primeiro Pensamento, a Mãe de todas as coisas, e que no princípio teve a idéia de criar os Anjos e Arcanjos por meio dele. Essa Enóia saída dele com o conhecimento da vontade do Pai, desceu às regiões inferiores e gerou os Anjos e as Potências pelos quais, afirma ele, foi feito este mundo. Mas depois de os ter gerado, eles, por inveja, a mantiveram prisioneira, porque não queriam ser julgados filhos de alguém insignificante. Eles, porém, ignoravam completamente quem era o Pai deles. Enóia, portanto, ficou retida pelos Anjos e pelas Potências que ela tinha emitido e sofreu toda espécie de afrontas para que não subisse de volta ao Pai dela até que foi encerrada num corpo humano. Durante séculos transmigrou, como um vaso se derrama noutro, em corpos de mulheres. Entre outras, ela foi aquela Helena por cuja causa aconteceu a guerra de Tróia, e assim se entende porque Estesícoro, que falou mal dela nos seus versos, ficou cego e em seguida recobrou a vista por ter-se arrependido e escrito as assim chamadas palinódias em que a exaltava. Na sua transmigração de corpo em corpo, desde o início, sempre sofreu afrontas e ultimamente se estabeleceu num prostríbulo; ela seria a ovelha desgarrada. 


23,3. É por isso que ele veio antes de todos para recuperá- la e libertá-la dos laços e trazer aos homens a salvação por meio do conhecimento dele. Os anjos, por sua vez, governavam mal mundo e cada um desejava a primazia, por isso ele veio para pôr as coisas em ordem. Desceu disfarçado, semelhante aos Principados, às Potências e aos Anjos, e pareceu homem entre os homens sem ser homem, e se acreditou que sofreu na Judéia sem sofrer realmente. Com efeito, não há obras boas por natureza, mas somente por convenção, como dispuseram os Anjos criadores, para manter escravos os homens por meio destes preceitos. Por isso Simão prometeu subtrair o mundo e libertar os seus seguidores da dominação dos criadores do mundo. 


23,4. Os sacerdotes deles, místicos, vivem libidinosamente e praticam magias cada qual como pode; servem-se de exorcismos e encantamentos e exercitam-se fervidamente em filtros e feitiços, espiritismo, hipnotismo e em tudo o que diz respeito à magia. Têm uma imagem de Simão, na aparência de Júpiter, e de Helena, na de Minerva e adoram-nas. E também são chamados simonianos, nome que lhes vem de Simão, o iniciador da mais ímpia doutrina, e é deles que se origina, com nome falso, a gnose, como se pode deduzir das afirmações deles. 


Menandro 23,5. Sucessor de Simão foi Menandro, samaritano de origem, que também atingiu o nível mais alto da magia. Este diz que a primeira Potência não é conhecida por ninguém e que ele é o Salvador enviado dos lugares invisíveis para a salvação dos homens. Diz que o mundo foi feito pelos Anjos e da mesma forma que Simão, afirma que foram emitidos por Enóia e que pela ciência da magia que ensinava, conferiu o poder de vencer os próprios Anjos, criadores do mundo. Os seus discípulos, pelo batismo no seu nome, recebem a ressurreição e já não podem morrer, mas permanecem para sempre jovens e imortais. 

Saturnino e Basílides 


24,1. Saturnino de Antioquia, nas proximidades de Dafne, e Basílides, retomando a doutrina destes homens como ponto de partida, ensinaram, um na Síria e o outro em Alexandria, doutrinas diversas. Saturnino, como Menandro, prega um único Pai, não conhecido por ninguém, que fez os Anjos, os Arcanjos, as Potências e as Potestades. Sete destes Anjos fizeram o mundo e tudo o que há nele. Também o homem é criatura dos Anjos: quando apareceu do alto, vinda da Potência suprema, uma figura luminosa que eles não conseguiram reter porque ela logo voltou às alturas, animaram-se uns aos outros dizendo: Façamos o homem à imagem e semelhança dela. Mas a criatura que foi feita não se podia levantar por causa da fraqueza dos Anjos e se arrastava como verme. Então a Potência do alto teve compaixão dele, porque tinha sido feito à sua imagem, e lançou uma fagulha de vida que fez o homem levantar, articular-se e viver. Depois da morte esta fagulha de vida retorna aos da mesma natureza e o restante se dissolve naquilo de que foi tirado. 24,2. O Salvador, afirmam eles, não é gerado, não tem corpo nem figura e só aparentemente foi visto como homem. O Deus dos hebreus era um dos Anjos e porque o Pai quis destruir todos os Arcontes, o Cristo veio para destruir o Deus dos hebreus e salvar os que acreditassem nele: e somente estes têm a fagulha de vida. Com efeito, e ele foi o primeiro a dizê-lo, foram feitas duas espécies de homens pelos Anjos, os bons e os maus. Visto que os demônios ajudavam os maus, o Salvador veio para derrotar os demônios e os homens maus e salvar os bons. Casar e procriar é diabólico e muitos dos seus discípulos se abstêm de comer carne e com aparente abstinência enganam a muitos. Quanto às profecias, algumas foram proferidas por estes Anjos criadores do mundo, outras por Satanás, que Saturnino apresenta como adversário dos criadores do mundo e especialmente do Deus dos hebreus. 

24,3. Basílides, para mostrar que encontrou algo de mais profundo e verossímil estende ao infinito o desenvolvi- mento da sua doutrina. Segundo ele, Nous nasceu do Pai ingênito; dele nasceu o Logos; de Logos, a Prudência; desta, Sofia e Potência. De Sofia e de Potência nasceram as Virtudes, os Principados e os Anjos que chama primei- ros e que fizeram o primeiro céu. Em seguida, outros derivados destes, fizeram outro céu semelhante ao primeiro. De forma semelhante outros derivados dos precedentes e antitipos dos que estão acima deles, fizeram terceiro céu. Desta terceira série deriva a quarta e assim a seguir e do mesmo modo, assegura, uma após outra toda a série de Anjos e Principados até formarem 365 céus. Por isso o ano tem tantos dias quantos são os céus. 

24,4. Os Anjos que ocupam o céu inferior, o que nós vemos, fizeram todas as coisas do mundo, dividindo entre si a terra e os povos que se encontram nela. O chefe de todos eles é aquele que passa por Deus dos hebreus. Este quis submeter aos seus homens, isto é, os hebreus, as outras nações. Então as outras Potestades insurgiram-se e com- bateram este povo, e por este motivo também os outros povos combateram o dele. Então o Pai ingênito e inefável ao ver a derrota de seu povo enviou o seu primogênito Nous, aquele que se chama Cristo, para libertar os que creram nele do poder dos criadores do mundo. E ele, como homem, apareceu na terra às nações deles e fez milagres. Na realidade, não foi ele quem sofreu a paixão, mas o tal Simão de Cirene que, obrigado, carregou a cruz no lugar do Cristo e foi crucificado, quer por ignorância, quer por engano, porque, por transformação, recebeu o aspecto de Jesus enquanto Jesus tomava o aspecto de Simão e estando ali fazia zombarias deles. Sendo, com efeito, uma Potência incorpórea e Nous do Pai ingênito, ele se transfigurou como quis e subiu àquele que o tinha enviado, zombando daqueles que não o podiam segurar porque era invisível. Aqueles que sabem estas coisas são libertados dos Principados criadores do mundo; é preciso reconhecer não aquele que foi crucificado, mas aquele que, enviado pelo Pai para destruir com esta economia a obra dos criadores do mundo, assumiu a forma de homem, pareceu crucificado e se chamava Jesus. Por isso, se alguém confessa o crucificado, diz ele, é ainda escravo e submetido ao poder dos que criaram os corpos, mas quem o renega é libertado destes e conhece a economia do Pai ingênito. 24,5. A salvação é somente para a alma, o corpo é corruptível por natureza. As profecias foram proferidas pelos Principados que fizeram o mundo, e a Lei foi emitida, por autoridade própria, pelo chefe deles, aquele que tirou o povo do Egito. Não se importam com as carnes oferecidas aos ídolos, pois não têm nada de especial e usam-nas sem escrúpulos; também são indiferentes quanto às outras coisas que usam e a toda espécie de libertinagem. Tama sua alma forte e pura se lembrava do que tinha visto na esfera do Pai ingênito. Por isso foi-lhe dada pelo Pai a força que lhe permitiu escapar aos criadores do mundo e assim, passando por todos completamente livre subiu junto a ele. E o mesmo se dá com aqueles que têm disposições semelhantes. Dizem que a alma de Jesus, educada nos costumes dos hebreus, os desprezava e por isso recebeu o poder de destruir nos homens as paixões que lhe foram impostas como castigo. 25,2. A alma que à semelhança de Jesus sabe desprezar os Arcontes criadores do mundo também recebe o poder de fazer as mesmas coisas. Assim se encheram de tamanha soberba que alguns se dizem iguais a Jesus, outros, sob certo aspecto, mais fortes ainda do que ele, e outros ainda superiores aos discípulos, por exemplo, Pedro, Paulo e os outros apóstolos, que não perdem em nada para Jesus. Sendo as suas almas originárias da mesma esfera e tendo igualmente menosprezado os criadores do mundo foram julgadas dignas do mesmo poder e voltaram para o mesmo lugar. Se alguém despreza mais do que ele as coisas deste mundo pode ser superior a ele. 25,3. Eles também se servem da magia, de encantamentos, filtros, feitiços, espiritismo, hipnotismo e outros truques, afirmando não somente terem o poder de mandar nos Principados e Criadores deste mundo, mas também em todas as coisas contidas nele. Eles também foram enviados aos povos por Satanás para a injúria do nome divino da Igreja, de forma que os homens, ouvindo tanta diferença entre um e outro e pensando que nós somos todos iguais a eles, desviem a sua atenção da mensagem da verdade e vendo as ações deles desprezem a todos nós que não participamos na doutrina, nem nos costumes, nem na conduta deles. Eles, para encobrir a licenciosidade e a doutrina ímpia servem-se do Nome como de véu para encobrir a malícia, mas o juízo sobre eles será justo e receberão de Deus o justo pagamento pelas suas ações. 

25,4. Chegaram a tamanha impudência de afirmar que lhes é permitido fazer as coisas mais irreverentes e ímpias, porque, dizem, as coisas são boas.ou más segundo a opinião dos homens. Além disso, as almas, pelas passagens sucessivas nos corpos, devem experimentar todo tipo de vida e todas as ações, a menos que alguém faça tudo numa só vez e numa só passagem, estas coisas que não somente nos são proibidas de dizer ou de experimentar, mas até de pensar e de acreditar que possam acontecer com alguém que vive nas mesmas cidades onde nós estamos. Portanto, como dizem os escritos deles, é preciso que as almas, feitas todas as experiências da vida, ao sair dos corpos, não lhes falte nenhuma, porque, se por acaso faltar alguma coisa à liberdade deles, serão obrigados a voltar em outro corpo. Eis por que, dizem, Jesus contou esta parábola: "Enquanto estás a caminho com teu adversário procura libertar-te dele para que não te entregue ao juiz e o juiz ao guarda e te tranque na prisão; na verdade, eu te digo, não sairás de lá sem ter pago até o último centavo".(58) O adversário, dizem, é um dos Anjos que estão no mundo, aquele que se chama Diabo, e que foi criado para conduzir deste mundo para o Arconte as almas dos que pereceram. Este, que chamam o primeiro entre os criadores do mundo, entrega as almas a outro Anjo que o serve, para que as prenda noutros corpos; os corpos, dizem eles, são a prisão. E a frase: Não sairás de lá sem ter pago até o último centavo, eles a entendem no sentido de que ninguém se livra do poder dos Anjos que criaram o mundo se, passando de um corpo para o outro, não tiver praticado tudo o que se faz neste mundo. Quando não sobrar mais nenhuma destas coisas, então a alma, tornada livre, se elevará ao Deus que está acima dos Anjos criadores do mundo. Assim todas as almas chegam à salvação, quer que, previdentes, se lancem a todo tipo de ações já na primeira vinda, quer, mandadas, passem de corpo em corpo, pratiquem nessas vidas e consecutivamente todas estas ações, e assim, pagando as suas dívidas, sejam libertadas para sempre da obrigação de voltar a um corpo. 

25,5. Que estas ações ímpias, injustas e proibidas sejam praticadas por eles eu não teria acreditado, mas está escrito nos seus livros e assim ensinam. Dizem que Jesus falou reservada e secretamente aos discípulos e aos apóstolos, mandando que eles trasmitissem esta doutrina somente aos que julgassem dignos e acreditassem neles. O que salva é a fé e a caridade; tudo o resto é indiferente. Na opinião dos homens, algumas coisas são boas, outras más, porém nada é mau por natureza. 


25,6. Alguns deles marcam a fogo os discípulos atrás do lóbulo da orelha direita. Foi assim que Marcelina, seguidora desta seita, que foi a Roma nos tempos de Aniceto, arruinou a muitos. Eles se chamam gnósticos. Possuem umas imagens, algumas pintadas outras feitas de materiais diversos e dizem que reproduzem o Cristo e foram feitas por Pilatos quando Jesus estava com os homens. Coroam-nas e expõem-nas junto com aquelas de filósofos profanos, a saber, de Pitágoras, Platão, Aristóteles e outros e lhes prestam homenagem assim como fazem os pagãos. 

Notas 
(51) Lc 12,50. 
52Mt 20,22. 
(53) S1 33,6.
(54) Jo 1,3. 
(55) Aqui estão, outra vez, os elementos fundamentais professados no "Símbolo da fé" de Ireneu, alguns dos quais depois farão parte do "Símbolo niceno-constantinopolitano", ainda hoje proclamado nas celebrações dominicais. 
(56) At 8,9-11. 
(57) At 8,20-23 
(58) 1,c 12,58-59; Mt 5,25-26."


2-EBIONITAS- influenciados pelo gnosticismo
Contra as Heresias - Livro I -  Ireneu de Lião.Coleção Patrística, Volume 4, Ed. Paulus.
 Cerinto
26,1. Cerinto, asiático, ensina que o mundo não foi feito pelo primeiro Deus, mas por uma Potência distinta e bem afastada da Potência que está acima de todas as coisas, que não conhecia o Deus que está acima de tudo. Jesus, segundo Cerinto, não nasceu da Virgem, porque isto lhe parecia impossível, mas foi filho de José e de Maria de maneira semelhante à dos outros homens e sobressaiu entre todos pela santidade, prudência e sabedoria. Depois do batismo desceu sobre ele, daquela Potência que está acima de todas as coisas, o Cristo, na forma de pomba, e desde então começou a anunciar o Pai incógnito e a fazer milagres. Finalmente o Cristo saiu de Jesus, voltou para Q alto e Jesus sofreu e ressuscitou, enquanto o Cristo permanecia impassível, porque era pneumático.

Ebionitas e nicolaítas
26,2. Os assim chamados ebionitas admitem que o mundo foi criado por Deus, mas acerca do Senhor pensam da mesma forma que Cerinto e CarpócratesUtilizam somente o evangelho segundo Mateus e rejeitam o apóstolo Paulo como apóstata da Lei. Procuram interpretar as profecias de maneira bastante curiosa; praticam a circuncisão e continuam a observar a Lei e os costumes hebraicos da vida e até adoram Jerusalém como se fosse a casa de Deus.

História Eclesiástica. Eusébio de Cesaréia. 
LIVRO III
XXVII [Da heresia dos ebionitas]
1. De outros porém, o demônio malvado, impotente para arrancá-los de sua disposição para como Cristo de Deus, tomou posse ao encontrar outros pontos por onde agarrá-los. Estes primeiros foram chamados ebionitas 228, como convinha, pois tinham sobre Cristo pensamentos pobres e de baixa estima.
2. Pois pensavam dele que era apenas um homem simples e comum, justificado à medida em que progredia em seu caráter, e nascido da união de um homem e de Maria. Acreditavam absolutamente necessária para eles a observância da lei, alegando que não se salvariam apenas pela fé e por viver conforme ela.
3. Mas, além destes, havia outros da mesma denominação que escapavam de sua estranha insensatez. Não negavam que o Senhor houvesse nascido de uma virgem e do Espírito Santo. Mas, assim como aqueles, tampouco confessavam que, por ser Deus, Verbo e Sabedoria, preexistia já. Desta maneira retornavam à impiedade dos primeiros, principalmente quando, assim como eles, esforçavam-se por honrar demasiadamente a observância da lei.
 4. Acreditavam também que era necessário a todo custo rechaçar as Cartas do Apóstolo, a quem chamavam apóstata da lei, enquanto usavam exclusivamente o chamado Evangelho dos hebreus, sem importar-se em nada com os outros.
5. Da mesma forma que aqueles, observavam o sábado e tudo o mais da disciplina judaica. No entanto, aos domingos celebravam ritos semelhantes aos nossos em memória da ressurreição do Salvador.
 6. Daí, de tais práticas, veio-lhes a denominação que levam: o nome de ebionitas manifesta a pobreza de sua inteligência, pois com este nome se chama entre os hebreus aos pobres.
228 Do hebraico ebionim, significando pobres

LIVRO VI
XVII [Do tradutor Simaco]
1. Pelo que toca a estes mesmos tradutores, deve-se saber que Simaco foi ebionita. A heresia, assim chamada dosebionitas, é a dos que afirmam que Cristo nasceu de José e de Maria, crêem que foi puramente homem e insistem em que é necessário guardar a lei mais ao modo judeu, segundo o que já sabemos pelo referido anteriormente. E ainda hoje se conservam Comentários de Simaco, nos quais parece querer confirmar a mencionada heresia, explicando-se longamente à custa do Evangelho de Mateus. Orígenes declara que estes escritos, junto com outras interpretações de Simaco sobre as Escrituras, recebeu-os de uma tal Juliana, que por sua vez diz ter herdado os livros do próprio Simaco.



3-ARTEMON E PAULO DE SAMOSATA
História Eclesiástica. Eusébio de Cesaréia. LIVRO V
XXVIII [Dos que acolheram a heresia de Artemon desde o princípio, qual foi seu comportamento e de que modo ousaram corromper as Escrituras]
 1. Numa obra de algum destes, fruto do trabalho contra a heresia de Artemon - a mesma que em nossos tempos Paulo de Samosata tentou renovar -conserva-se um relato que vem ao caso da história que estamos examinando.
2. Deixando entendido que a mencionada heresia afirma que o Salvador não é mais do que um puro homem, e que ela era de invenção recente, ainda que seus introdutores quisessem fazê-la valer como se fosse antiga, o tratado, depois de citar muitos outros argumentos para refutar a mentira blasfema destes, refere textualmente o que segue:
3. "Dizem mesmo que todos os primeiros, inclusive os próprios apóstolos, receberam e ensinaram isto que agora eles estão dizendo, e que se conservou a verdade da pregação até os tempos de Victor, que era o décimo terceiro bispo de Roma desde Pedro, mas que, a partir de seu sucessor, Zeferino, falsificou-se a verdade.
4. O dito poderia ser convincente se em primeiro lugar as divinas Escrituras não o contradissessem. E também há obras de alguns irmãos anteriores aos tempos de Victor, obras que eles escreveram contra os pagãos e contra as heresias de então em defesa da verdade. Refiro-me às de Justino, Milcíades, Taciano, Clemente e muitos outros, todas obras que atribuem a divindade a Cristo5. Porque, quem desconhece os livros de Irineu, de Meliton e dos restantes, livros que proclamam a Cristo Deus e homem? E os muitos salmos e cânticos escritos desde o princípio por irmãos crentes que cantam hinos ao Verbo de Deus, ao Cristo, atribuindo-lhe a divindade?
 6. Como pois, estando declarado o pensamento da Igreja desde há tantos anos pode-se admitir que os anteriores a Victor o tenham proclamado no sentido que dizem estes? E como não se envergonham de acusar Victor falsamente de tais coisas, sendo que com toda exatidão sabem que Victor excluiu da comunhão Teodoto o curtidor, líder e pai desta apostasia negadora de Deus, e primeiro a dizer que Cristo foi um simples homem? Porque se Victor tivesse pensado da mesma maneira que ensina a blasfêmia destes, como poderia expulsar Teodoto, inventor desta heresia?"
7. Estes são os fatos dos tempos de Victor. Tendo estado ele à frente do ministério por dez anos, é instituído seu sucessorZeferino, era o nono ano do império de Severo. O mesmo que compôs o supracitado livro sobre o iniciador da mencionada heresia acrescenta também outro assunto ocorrido em tempos de Zeferino e escreve nos seguintes termos:
8. "Vou pois, recordar ao menos para muitos de nossos irmãos, o fato ocorrido em nosso tempo, que, por ter acontecido em Sodoma, creio que seguramente teria sido um aviso para aquela gente. Era Natalio um confessor, não dos tempos antigos, mas de nosso próprio tempo.
9. Um dia este foi enganado por Asclepiodoto e por outro Teodoto, cambista. Estes dois eram discípulos de Teodoto o curtidor, primeiro que por este pensamento, ou melhor, por esta
loucura, foi separado da comunhão por Victor, então bispo, como já disse.
10. Ambos persuadiram Natalio para que por um salário se chamasse bispo desta heresia, de maneira que podia receber deles cento e cinqüenta denários.
 11. Estando já com eles, o Senhor o avisou muitas vezes por meio de sonhos, já que nosso Deus misericordioso e Senhor Jesus Cristo não queria que uma testemunha de seus próprios padecimentos saísse da Igreja e perecesse.
12. Mas como não prestasse grande atenção às visões, enganado por aquele primeiro posto entre eles e pela torpe ganância que a tantos perde, finalmente foi açoitado por anjos santos durante toda a noite, pelo que ficou bastante maltratado, tanto que se levantou com a aurora, vestiu-se com um saco, cobriu-se de cinza e com muita diligência e lágrimas correu até o bispo Zeferino, e se atirava aos pés, não apenas do clero, mas também dos laicos. Com suas lágrimas comoveu a Igreja compassiva de Cristo misericordioso e, depois de pedi-lo com reiteradas súplicas e de haver mostrado as contusões que os golpes lhe fizeram, a duras penas foi admitido à comunhão."
 13. A isto juntaremos também outras expressões do mesmo escritor sobre os mesmos assuntos, que soam assim: "Adulteraram sem escrúpulo as divinas Escrituras e violaram a regra da fé primitiva; e desconheceram a Cristo por não investigar o que dizem as divinas Escrituras, em vez de andar trabalhosamente exercitando-se em encontrar uma figura de silogismo para legitimar seu ateísmo. Porque, se alguém lhes apresenta uma sentença da Escritura divina, começam a discorrer que figura de silogismo se pode fazer, se conexo ou disjuntivo.
14. Deixaram as Santas Escrituras de Deus e se ocupam de geometria, como quem é da terra; falam por influência da terra e desconhecem o que vem de cima394. Pelo menos entre alguns deles estuda-se com afã a geometria de Euclides e se admira Aristóteles e Teofrasto, porque Galeno talvez seja até adorado por alguns. 15. Mas os que se aproveitaram das artes dos infiéis para o desígnio de sua própria heresia e com as artes dos ímpios falsificaram a fé simples das divinas Escrituras, que necessidade há de dizer que já não estão perto da fé? Por esta causa puseram suas mãos sem escrúpulo sobre as divinas Escrituras, dizendo que as haviam corrigido395.
16. E quem quiser pode saber que digo isto sem caluniá-los, já que, se alguém quiser reunir as cópias de cada um deles e compará-las entre si, notará que divergem muito. Pelo menos as de Asclepíades 396 destoarão das de Teodoto.
17. E podem-se adquirir muitas cópias, porque os discípulos transcreveram com grande zelo as que foram, como dizem eles, corrigidas, isto é, corrompidas por cada um daqueles. Tampouco as de Hermófilo concordam com estas; quanto às de Apoloníades397, nem sequer concordam entre si mesmas, pois é possível discernir as que eles prepararam primeiro e as que logo depois foram alteradas, e se vê que discordam muito.
18. Do atrevimento deste pecado, não é provável que eles o ignorem, porque, ou não crêem que as divinas Escrituras foram ditadas pelo Espírito Santo, e nesse caso são incrédulos, ou então acham que são mais sábios do que o Espírito Santo: e que outra coisa é isto se não estar possuído pelo demônio? Porque não podem negar que o atrevimento é deles mesmos, já que as cópias estão escritas por suas mãos e não receberam as Escrituras nesse estado daqueles que os instruíram, nem poderão mostrar um exemplar de onde tenham copiado as suas.
19. Alguns deles nem sequer trataram de falsificá-las, mas depois de simplesmente negar a lei e os profetas, com o pretexto de um ensinamento iníquo e ímpio, caíram da graça na extrema ruína da perdição." E já basta deste tipo de relatos.
394 Ironia que joga com a palavra geometria e a passagem de Jo 3:31.
395 Tratava-se da crítica textual dos Setenta.
 396 Possivelmente trata-se do mesmo acima chamado de Asclepiadoto.
397 Nem de Hermófilo nem de Apoloníades sabe-se mais do que o dito aqui e que foram discípulos de Teodoto o curtidor.

Livro VII
XXVII [Sobre Paulo de Samosata e a heresia que suscitou em Antioquia]
1. A Sixto, que presidiu a igreja de Roma durante onze anos, sucedeu Dionísio, homônimo do de Alexandria 542. E neste tempo, ao emigrar também Demetriano desta vida em Antioquia, recebeu o episcopado Paulo, o de Samosata.
2. Como este, contrariamente ao ensinamento da Igreja, tinha acerca de Cristo pensamentos baixos e ao nível do chão, dizendo que por natureza foi um homem comum, Dionísio de Alexandria, convidado para assistir ao concilio, dando como desculpa sua velhice e debilidade corporal, adia sua presença pessoal, e por meio de uma carta expõe seu pensamento sobre o tema debatido. Os outros pastores das igrejas, por outro lado, cada qual de sua terra, iam se reunindo como contra uma peste do rebanho de Cristo, e todos se apressavam em direção a Antioquia.

XXIX [De como se rebateu Paulo e este foi excomungado]
1. Nos tempos deste, havendo-se reunido um último concilio544 de numerosíssimos bispos, surpreendido in flagranti e já por todos condenado abertamente por heterodoxia, o líder da heresia de Antioquia foi excomungado da Igreja católica que está sob o céu.
2. Quem mais fez para acabar com sua dissimulação e deixá-lo convicto foi Malquion, homem muito eloqüente e diretor da classe de retórica nas escolas gregas de Antioquia; e não só isto, mas também considerado digno do presbiterado da comunidade local, pela excelentíssima legitimidade de sua fé em Cristo. Este havia empreendido contra ele, com taquígrafos que iam registrando, uma investigação - que sabemos que se conservou até nossos dias -, pelo que entre todos somente ele foi capaz de surpreender in flagranti aquele homem, apesar de sua dissimulação e engano.

XXX
4. Firmiliano, por outro lado, que inclusive veio duas vezes, condenou certamente as inovações daquele - como sabemos e atestamos os que estavam presentes e o sabem também muitos outros -, mas como Paulo prometera mudar, ele, crendo e esperando que o assunto se arranjaria oportunamente sem desdouro para a doutrina, o foi deferindo, enganado pelo homem que negava a seu próprio Deus e Senhor e não observava a fé que anteriormente ele mesmo possuía.

542 Eusébio toma por anos os onze meses do pontificado de Sixto II (martirizado em 6 de agosto de 258


10. Fez também que cessassem os salmos em honra de nosso Senhor Jesus Cristo, porque dizia que eram modernos e obra de homens bastante modernos; em troca, preparou umas mulheres para que em sua honra salmodiassem em meio a igreja no grande dia de Páscoa. É de estremecer-se ouvindo-as! E que coisas deixava que os bispos e presbíteros tratassem em suas homílias ao povo dos campos e cidades limítrofes, seus aduladores! 

11. Porque ele não quer confessar conosco que o Filho de Deus desceu do céu (isto para expor de antemão algo do que escreveremos, e que não o diremos como simples afirmação, mas que será demonstrado com muitas passagens dos documentos que vos enviamos, e sobretudo aquele em que se diz que Jesus Cristo é de baixo); mas aqueles, quando lhe cantam salmos e o louvam ante o povo, afirmam que seu ímpio mestre desceu como anjo do céu. E ele não só não impede isto, mas até, em sua soberba, acha-se presente quando o dizem.

4- Ário de Alexandria

Sócrates- História Eclesiástica- Livro 1
Capítulo 5. A Disputa de Ário com Alexandre, seu Bispo.

Depois que Pedro , bispo de Alexandria , tinha sofrido o martírio sob Diocleciano , Aquilas foi instalado no episcopal escritório, quem Alexander conseguiu, durante o período de paz acima referido. Ele, no destemido exercício das suas funções de instrução e governo da Igreja , tentou um dia, na presença do presbitério e do resto do seu clero , explicar, com uma minuciosidade talvez demasiadamente filosófica, aquele grande mistério teológico - a Unidade Da Santíssima Trindade . Um certo presbítero que estava  sob a sua jurisdição , cujo nome era Ario [Arius] , possuidor de não negligenciáveis lógica e perspicácia,imaginou que o bispo estava sutilmente ensinando o mesmo ponto de vista sobre este assunto que Sabellius da Líbia [o Unicismo], de amor da controvérsia tirou a opinião oposta àquela do líbio , e como ele pensou vigorosamente respondeu ao que foi dito pelo bispo . "Se", disse ele, "o Pai gerou o Filho , o que foi gerado teve um início de existência ; e disto é evidente, que houve um tempo em que o Filho não era. Portanto , segue-se necessariamente que ele teve a sua substância do nada.
 

Capítulo 6. A Divisão começa na Igreja a partir desta Controvérsia;E Alexander Bispo de Alexandria excomungou Arius e seus aderentes.

Tendo tirado esta inferência de seu novo raciocínio, ele animou muitos a considerar a questão; E assim, de uma pequena faísca, acendeu-se um grande incêndio: para o mal que começou na Igreja deAlexandria , correu por todo o Egito , Líbia e Tebas superior , e finalmente se difundiu sobre o resto das províncias e cidades. Muitos outros também adotaram a opinião de Arius ; Mas Eusébio [de Nicomédia] em particular era um zeloso defensor dele: não o de Césaréia , mas aquele que antes tinha sido bispo da igreja em Bertre , e estava então de alguma forma na posse do bispado de Nicomedia em Bithynia . Quando Alexandre se tornou consciente dessas coisas, tanto por sua própria observação quanto por seu relatório, sendo exasperado ao mais alto grau, convocou um conselho de muitos prelados ; E excomungou Arius e os instigadores de sua heresia ; Ao mesmo tempo escreveu o seguinte aos bispos constituídos nas várias cidades:


A epístola de Alexander bispo de Alexandria :

Aos nossos amados e honrados colegas ministros da Igreja Católica em todo o mundo,Alexandre envia saudação no Senhor .
Na medida em que a Igreja Católica é um só corpo, e somos ordenados nas Sagradas Escrituras a manter "o vínculo da unidade e da paz", Efésios 4: 3 nos torna a escrever e mutuamente se familiarizam com a condição das coisas entre cada um de nós, a fim de que "se um membro sofre ou se alegra, podemos simpatizar uns com os outros, ou se alegrar juntos." 1 Coríntios 12:26 Saber , portanto, que têm surgido recentemente na nossa diocese homens sem lei e anti-cristãos ensinando apostasia , como se pode justamente considerar e denominar o precursor do Anticristo . Desejei, de fato, confiar essa desordem ao silêncio, que, se possível, o mal pudesse ser confinado apenas aos apóstatas , e não entrar em outros distritos e contaminar os ouvidos de alguns dos simples. Mas desde que Eusébio , agora em Nicomédia , pensa que os assuntos da Igreja estão sob seu controle porque, por isso, ele abandonou sua incumbência em Bertre e assumiu a autoridade sobre a Igreja em Nicomedia com impunidade , ele mesmo colocou na cabeça desses apóstatas , desafiando até mesmo para enviar cartas de recomendação em todas as direções que lhes dizem respeito, se de alguma maneira ele poderia seduzir alguns dos ignorantes a mais ímpia e anti-cristã heresia , senti-me imperativamente chamado para não estar em silêncio, sabendo que está escrito no A lei , mas para informá-lo de todas estas coisas, para que você possa entender tanto quem são os apóstatas , e também o caráter desprezível de sua heresia , e não prestar atenção a qualquer coisa que Eusébio deve escrever para você. Por agora deseja ele renovar sua antiga malevolência, que parecia ter sido enterrada no esquecimento pelo tempo , ele afeta a escrever em seu nome. Enquanto que o próprio fato mostra claramente que ele faz isso para a promoção de seus próprios propósitos.

Estes, então, são aqueles que se tornaram apóstatas :Arius , Aquilas , Aithales e Carpones , outro Ário , Sarmates , Euzoïus , Lúcio , Julian , Menas, Helladis, e Caio ; Com estes também deve ser contado Secundus e Theonas , que uma vez foram chamados bispos . Os dogmas que inventaram e afirmam, contrariamente às Escrituras, são estes: Que Deus não foi sempre o Pai , mas que houve um período em que ele não era o Pai; Que a Palavra de Deus não era desde eternidade , mas foi feita do nada; por aquele que é o Deus sempre existente ('o EU SOU' - o Eterno ) que aquele que não existia anteriormente , do nada. Por isso houve um tempo em que ele não existia , visto que o Filho é uma criatura e uma obra. Que ele não é como o Pai , na medida que diz respeito à sua essência , nem é por natureza ,  a verdadeira Palavra de Deus , ou  a verdadeira Sabedoria, mas na verdade, uma de suas obras e criaturas, sendo erroneamente chamado Palavra e Sabedoria, já que ele foi o próprio feito pela própria palavra de Deus  e pela Sabedoria que está em Deus , segundo a qual Deus fez todas as coisas e também ele. Pelo que é quanto à sua natureza, mutável e suscetível de mudança,como todas as outras  criaturas racionais são: consequentemente a Palavra é alheia a tudo que não seja a essência de Deus ; e o Pai é inexplicável pelo Filho , e invisível para ele,porque nem a Palavra conhece perfeitamente e precisamente o Pai , nem ele pode claramente vê-lo. O Filho sabe apenas o que é da natureza de sua própria essência: porque ele foi feito por causa de nós, a fim de que Deus pôde criar -nos por ele, como por um instrumento; Nem jamais existiria , a menos que Deus quisesse nos criar .


Por conseguinte, alguém lhes perguntou se a Palavra de Deus poderia ser mudada, como o diabo foi? E eles temiam não dizer, 'Sim, ele poderia; Por ser gerado, ele é suscetível de mudança. Nós então, com os bispos do Egito e da Líbia , reunidos ao número de quase uma centena, temos anatematizado Ário por sua vergonhosa confissão dessas heresias , juntamente com todos os que as aceitaram. No entanto, os partidários de Eusébio os receberam ; procurando misturar falsidade com a verdade , e o que é impio com o que é sagrado . Mas eles não prevalecerão, porque a verdade deve triunfar; E "a luz não tem companheirismo com a escuridão, nem Cristo concorda com Belial ". 2 Coríntios 6:14 Quem ouviu tais blasfêmias ? Ou o que o homem de qualquer piedade está lá agora ouvi-los que não está horrorizado e tapa os ouvidos, para que a sujeira dessas expressões possa contaminar o seu senso de audição? Quem ouviu João dizer: "No princípio era a Palavra " , não condena os que dizem: "Houve um período em que a Palavra não era"? Ou que, ouvindo no Evangelho de "o Filho unigênito," e que "todas as coisas foram feitas por ele, 'não abomino os que dizem ser o Filho uma das coisas feitas? Como ele pode ser uma das coisas que foram feitas por si mesmo? Ou como ele pode ser o unigênito, se ele é contado entre as coisas criadas ? E como ele poderia ter tido sua existência de nulidades, uma vez que o Pai disse: 'Meu coração tem ditada uma boa matéria " ; E 'Eu vos gerei fora do meu peito antes do amanhecer'? Ou como ele é diferente da essência do Pai , que é "sua imagem perfeita ", Colossenses 1:15 e "o brilho de sua glória " Hebreus 1: 3 e diz: "Quem me viu, viu o Pai?" Novamente, como se o Filho é a Palavra e a Sabedoria de Deus , houve um período em que ele não existia ? Pois isso equivale a dizer que Deus já foi destituído de Palavra e Sabedoria .

 Como ele pode ser mutável e suscetível de mudança, que diz de si mesmo: 'Eu estou no Pai , e o Pai em mim'; João 14:10 e "Eu e o Pai somos um"; João 10:30 e novamente pelo Profeta , Malaquias 3: 6 'Eis-me porque eu sou, e não mudei?' Mas se alguém puder também aplicar a expressão ao próprio Pai, ainda assim seria ainda mais bem dito da Palavra ;porque ele não foi mudado por se tornar homem, mas como diz o Apóstolo , Hebreus 13: 8 ' Jesus Cristo , o mesmo ontem, hoje e eternamente'. Mas o que poderia persuadi-los a dizer que ele foi feito por nossa conta, quando Paulo declarou expressamente Hebreus 2:10 que "todas as coisas são para ele e por ele"? 

Não é de admirar, de fato, a sua afirmação blasfema de que o Filho não conhece perfeitamente o Pai; Por ter uma vez determinado a lutar contra Cristo , rejeitam até as palavras do próprio Senhor , quando diz: João 10:15 "Assim como o Pai me conhece , assim também eu conheço o Pai". Se, portanto, o Pai, mas parcialmente conhece o Filho , é manifesto que o Filho também conhece o Pai, mas em parte. Mas se for impróprio afirmar isso, e admite-se que o Pai conhece perfeitamente o Filho, é evidente que, assim como o Pai conhece sua própria Palavra , assim também a Palavra conhece seu próprio Pai, cuja Palavra é.

 E nós, por afirmar essas coisas, e desdobrar as divinas Escrituras , muitas vezes  temos refutado eles, mas novamente como camaleões que se modificam, que se esforça para aplicar a si mesmos o que está escrito: "Quando o ímpio atingiu as profundezas da iniqüidade , ele se torna desprezível ". Muitas heresias surgiram antes que estas, que ultrapassam todos os limites em ousadia, tenham caído em completa paixão: mas essas pessoas , ao tentarem subverter a Divindade da Palavra, como tendo feito uma aproximação mais próxima do Anticristo , comparativamente diminuíram o ódio dos antigos. Portanto, eles foram publicamente repudiados pela Igreja e anatematizados . Estamos realmente contristados por causa da perdição dessas pessoas , e especialmente porque, depois de terem sido previamente instruídos nas doutrinas da Igreja , agora têm apostatado deles. No entanto, não estamos muito surpresos com isso, pois Himineu e Fileto 2 Timóteo 2: 17-18 caiu da mesma maneira; E diante deles Judas , que tinha sido um seguidor do Salvador , mas depois abandonou-o e tornou-se seu traidor. E não fomos nós sem aviso prévio sobre estas mesmas pessoas ; porque o próprio Senhor disse: "Guardai-vos de que ninguém vos engane; porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo ; Mateus 24: 4 e 'o tempo está próximo; Portanto, não sigais atrás deles.Lucas 21: 8 E Paulo , tendo aprendido essas coisas do Salvador , escreveu, 'que, nos últimos tempos, alguns devem apostatar da fé , dando ouvidos a enganar espíritos e doutrinas de demônios ", que pervertem a verdade . Vendo então que o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo tem ele próprio ordenado isso, e também pelo apóstolo deu-nos intimação sobre esses homens , tendo-nos ouvido a sua impiedade tem em conseqüência anatematizado-os, como antes dito, e declarou-los alienados da Igreja Católica e da fé . Além disso, nós o insinuamos a vossa piedade , queridos e honrados colegas ministros, para que não recebais nenhum deles, se presumissem vir a vós, nem se induzirem a confiar em Eusébio , ou em qualquer outro que Pode escrever para você sobre eles. Pois é dever de nós ,cristãos , afastar-nos de todos os que falam ou entretem um pensamento contra Cristo , daqueles que resistem a Deus e são destruidores das almas dos homens ; Saudai tais homens ", como o bem -aventurado João proibiu," para que jamais sejamos feitos participantes de seus pecados ". Saudai os irmãos que estão convosco; Os que estão comigo vos saúdam. 

BIBLIOGRAFIA.
História Eclesiástica. Eusébio de Cesaréia. séc. IV
História Eclesiástica. Sócrates. séc. V
Contra as heresias. Irineu de Lião. séc. II
Enciclopedia Britânica On line.
História das Heresias. Roque Frangiotti. São Paulo: Paulus, 1995

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